segunda-feira, setembro 05, 2005

Homem na merda

Se texto precisa de revisão eu tô fudida. isso foi uma merda não-revisada que escrevi. faz parte de um conto q vou mandando aos poucos pra esse "blerg". a visão feminina e crua de um maluco aí com tesãozinho, com uma mulher por obrigação, por controle. sempre o controle.


I

Saberia nas próximas horas o que saber? Olharia a si do mesmo jeito e na mesma relação de estranhamento?
Havia poucos minutos estava na casa dela. Tinham ido ao cinema, comido qualquer coisa. Sem mais nada a dizer após três meses de apresentações, resolveram falar verdadeiramente de si. Foi então travada uma batalha antes de um diálogo, uma catarse, antes de lembrança. Se fizeram as primeiras e agudas críticas.

Já no carro dela, resolveram olhar o caminho a frente, os sinais, os pedestres, as próprias mãos. Não nasceram um para o outro.

Despediram-se, na casa dela, com um beijo. Procuraram o rosto, de raiva, desafio ou desconfiança, mas a força do hábito e a paixão por hábito remanescente, impulsionaram-lhes as bocas à frente.

Mal esquecia o copo d’água no filtro, o telefone lhe diz que está com saudades e que irá ver a irmã. Chegará um pouco tarde, mas mesmo assim ligará. Liga pra dizer que chegou bem, o bairro da sua irmã é perigoso. Perigosos são os homens que falam o que aprendem, uma combinação infinita de palavras e sentidos que filtram na alma, antes duma barreira à liberdade. Em três minutos, as promessas de mágoas e despedidas se arrojaram num turbilhão de sentimentos tão mais anêmicos como o carinho e a compreensão.

Por medo disse a si que a amava. Vá lá se saber o que o medo tem a ver com amor. Quando o homem entrega-se a algo, vira esse algo. Nunca se viu um que virasse amor. E então nasceremos para evitar, esperar, desconfiar, assegurar e verbalizar. Para não sair o ato por aí a corroer as vidas.

Na lógica do tempo foi deitando. Acendeu as luzes, teve medo das coisas, apagou as luzes, teve mais medo ainda das coisas quando não as via. Resolveu esquecer de ter medo e saiu.
Deixou a porta meio aberta, a luz da entrada acesa e virou como se a casa lhe espiasse. Considerava pouco sua, mais dela mesmo a casa seria.

Assim como as coisas em sua vida. Mais da vida tudo seria. A profissão era ela mesmo que exercia. Ficara famoso por obras que não precisaram dele para nascer e nem a ele consultaram quando foram amadurecendo.

Tornava-se um refém da vida.

Era como as palavras que se cospem da boca em fuga. São vinganças do significado que lhe cabem. Sou uma cadeira, nada mais posso ser. Um pente, um escaravelho, ladainha, porra, nada, tudo, sou um verbo e não ajo. Vingativo consigo mesmo Ele era como um verbo-palavra, cuspido dos próprios passos.

Não quis pegar o carro se carro tivesse. Se estivesse com raiva, raiva teria e foi se farsando até chegar numa ruela, como toda, escura, vadia, suspeita e ponto final de sentimentos confusos. Como se todo caos fosse dar em um pequeno espaço, onde perderia espaço para ser caos. Somos homens grandes, nossa alma não se mede.

Quando viu era um homem rude, bêbado. Soerguia a puta aos gritos e dela foi se renascendo. Dela viu-se um misto de pavor e ganância, cansaço e nojo, sem o cheiro do início do dia, sem os sonhos do início do dia e do momento que entrou como um homem distinto, leve.
Mulheres sempre amaram seu sujeito melancólico e desesperançado. Olhava a meio-olhar e sempre se detinha em um ponto inesperado dos corpos delas. Ria com os olhos e voltava a se consolar de tudo. Era batata.

Pedira uma água, com gelo e limão. Pediu licença para sentar, licença para falar. A puta se elegantou com os galanteios escondidos. Por muitos minutos se sentiu desejada, conquistada, cara.

Pedira um uísque, sem mais nem menos. Vai se saber o que se dá nessa hora.