terça-feira, setembro 13, 2005

Buceta perdida



Quando a perdi, por babaquice minha. Tinha que sossegar a xoxota, mas não, deixei a cabeça q naum tenho falar por mim.


Isso era para ser um poema.
Desapareceu de se tornar. Virou confissão, desabafo incondicional, lágrima.
Agora, tarde demais, virou alma.
Seria uma medida pra compreender o quanto a amo
Virou tanta coisa
Que nem tanta coisa que esqueci de dizer
E risos que escondi
E beijos que não dei
E cada amor que nasceu sem saber
Nasceu, sem saber, de vc.
Isso era pra ser métrico, perfeito, transparente.
Virou isso, carregado de mim
De toda a imperfeição que a inerência do homem dá
Uma irresponsabilidade dos deuses é o que somos
E o que somos é muito mais do que existimos.

Isso era pra ser silêncio.
Amor é o que se inventa pro inexplicável
Para o infindo
Amor é você
E nós dois
Isso era pra ser espelho
Mostrando tudo que sinto, imagino e, sinceramente, amo.
Mas concorro com as palavras, com minhas lembranças suas
E com a tristeza.
Isso era pra ser um beijo, um grito, uma declaração vívida
Uma paisagem linda, um carinho
Virou testamento antecipado do amor que ainda vive.
Virou pedido de desculpas por fraqueza
Por amor demais, por não saber falar.
Por querer contar cada olhar seu
Por querer pintar as cores dos seus risos
Por querer dar a você tudo o que ainda existo
Por querer ser uma
E ser só e fraca o bastante
Para ser de tudo, ao mesmo tempo.
E de tanto tempo o deserto vai se criando
Sem se ver.
Isso era para ser a mais simples e incontestável
Declaração de amor.
Virou surpresa: não sei falar de amor sem você.