Quem disse que isso é coisa de mulher?
Quando o homem não entende
A desistência obstinada e lenta
Quando o mundo não entende
Que sou inalcançável e simples
Quando o peito não entende
O que ele quer
Quem disse que isso é coisa de mulher?
Quando sei viver sozinha e morrer só
Quando o espaço quem ocupa é quem saiu
Quando tudo o que amei foi o que não quis
Quando o tempo todo eu fui o que ele é
Quem disse mesmo que isso é coisa de mulher?
Quando choro feito homem envelhecido
Sem as pernas e o gosto eterno e bom de tudo
Quando toda eternidade é um ruído
E o amor não foi meu um dia
Sequer
Quem disse agora que isso é coisa de mulher?
Quem disse foi o mesmo que ocultou
Quem disse foi aquele que me deu
Um dia a esperança de saber
O que toda mulher cansa de saber
E no que ela acredita sem ter fé.
segunda-feira, julho 31, 2006
segunda-feira, julho 24, 2006
Perda
Perder alguém
É como uma poesia afiada
E lida, relida
Transcrita no pêlo
É como metáfora
Errada, insone,
Sem sentido
E única de uma palavra
única que nem tem a que
Se comparar
É um assoalho de si mesmo
Reações alérgicas por nada
Um envenenamento seu
Ao mundo
É uma cortesia cara demais
Uma antítese sem síntese
Sem tese
É reza
Que Deus reza
Pro Deus dele
E que o Deus dele
Conta de dormir
Pros filhos
É inconcebível
O parto de algo que morre
Trilhos
Perpendiculares
Que se aturam
E seguem
Porque a perda
Traz o retrato do que vem
Sem luz,
Sem pose
Nem ninguém.
É como uma poesia afiada
E lida, relida
Transcrita no pêlo
É como metáfora
Errada, insone,
Sem sentido
E única de uma palavra
única que nem tem a que
Se comparar
É um assoalho de si mesmo
Reações alérgicas por nada
Um envenenamento seu
Ao mundo
É uma cortesia cara demais
Uma antítese sem síntese
Sem tese
É reza
Que Deus reza
Pro Deus dele
E que o Deus dele
Conta de dormir
Pros filhos
É inconcebível
O parto de algo que morre
Trilhos
Perpendiculares
Que se aturam
E seguem
Porque a perda
Traz o retrato do que vem
Sem luz,
Sem pose
Nem ninguém.
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