quinta-feira, abril 26, 2007

Fragmentos - No Bar (conto incomeçado)

Catando coisas no meio das coisas eu vejo um monte de partes. Acho que todo mundo é assim. Quem cataloga espasmos de idéias? Não é possível tanta burocracia, chatocracia, sonocracia. Prefiro tropeçar em mim, amiúde, nos velhinhos sem saúde.

- Me dá uma outra cerveja, porra!

Bateu com mão e voz de macho na mesa. Meio de sacanagem meio pra provar a própria babaquice. Havia um mês começara a fumar. Nem sabia segurar o cigarro. Tombava nos dedos, a cinza caía no colo, baforava de maneira disforme, feia e inconveniente. Fumaça é coisa séria, ofício dos artistas de cabelos fedorentos e mãos amareladas. Quando tentava criar objetos com a boca saía cuspe, um assobio ridículo, parecido com barulho de peido de mulher envergonhada e branca. Branca, porque preta não peida.

- Então, amigo..amigo –fez afinando o mí. meu deus, que isso! Que mulher era aquela.

Estava num bar, tinha que falar de mulher. E para amigos. Menores, piores que ele.