quinta-feira, novembro 30, 2006

Entre cinco e vinte

Estou entre a dor de um dia manso
Na tarde suspensa tão alta que evita a noite
Confabulando versões de meu passado
Em busca de uma definição para as coisas de escritório
Invertendo constantemente as prioridades da vida
Dando vez ao que não sei para que aconteça agora
Entre ligar para o plano de saúde
Entre dizer a ela que sinto falta de tudo
Entre a procura de um novo apartamento
Que não sei como vou pagar nem porquê
Tentanto enteder conceitos de multidão, capitalismo
E morte
Sabendo do término de um namoro caótico e inspirador
Querendo palavras, custando palavras
Com vontade de ligar para o judeu
Equilibrando o desejo de sumir com o de dormir ou fugir,
que na verdade são a mesma coisa e revelam tudo
exceto o que é que tenho que fazer pra resolver a morte
Entre as dívidas do banco
E a vontade de amar novamente
Entre a puta pressão que dá ao escrever
E malha fria que é tentar poesias

Estou entre o Indizível
(um dia falarei sobre ele)
E o gosto bom de um café na boca
Que ainda lembra que o dizer , às vezes,
é real.