sexta-feira, novembro 18, 2005

Rio de Janeiro de que cariocas?


O Rio de Janeiro tem vocação para a beleza. Ele é um homem lidando com o próprio ego sempre. Se vê no espelho e move-se em direção ao que tem de belo. O que somos é o que ele pensa. O que morremos é o que ele evita.

O Rio de Janeiro quer ser a Zona Sul. Então somos músicos, "pintores, poetas e compositores" olhando-nos pela Zona Sul. É ela que fica doente, que grita, sangra, teme, veste, joga, beija, assume, revela, protesta, espanta, vive e sofre.

O Rio de Janeiro é pequeno demais. Egoísta, egocêntrico e míope. Preguiçoso. Vê TV demais. Muita Rede Globo, que é voz dele mesmo. Não, não parece o Bonner.

O Rio de Janeiro é mais gordinho, de óculos, chopp no Leblon, que é o canto do coração. Praia, mesmo que escondendo o corpo. Masturba-se com o que vê lá. Tem pesadelos com a Baixada. Cheira cocaína pra sair da mesmice e rói os pensamentos por culpa do tráfico.

O Rio de Janeiro não atravessa o túnel, a lata, a cara, a alma. A rua. Está de castigo em si mesmo. É um "zé mané".

Por isso o Rio de Janeiro não existe. Nunca ninguém viu. E, se viu, não sabe como é.