segunda-feira, julho 24, 2006

Perda

Perder alguém
É como uma poesia afiada
E lida, relida
Transcrita no pêlo

É como metáfora
Errada, insone,
Sem sentido
E única de uma palavra
única que nem tem a que
Se comparar

É um assoalho de si mesmo
Reações alérgicas por nada
Um envenenamento seu
Ao mundo

É uma cortesia cara demais
Uma antítese sem síntese
Sem tese

É reza
Que Deus reza
Pro Deus dele
E que o Deus dele
Conta de dormir
Pros filhos

É inconcebível
O parto de algo que morre
Trilhos
Perpendiculares
Que se aturam
E seguem

Porque a perda
Traz o retrato do que vem

Sem luz,
Sem pose
Nem ninguém.